Na Estante: A fofa do terceiro andar

Antes de começar essa resenha preciso confessar uma coisa: AMO livros juvenis, bem adolescente sabe? Com leitura leve, linguagem gostosa. Acho que é uma ótima pra dispersar um pouco do todo tão sério que a gente vive todos os dias. Política, crise, trabalho… uma hora dá TELA AZUL na mente, gente! Mas ó, claro que a gente precisa estar ciente de tudo o que tá rolando, por mais sério e problemático que seja, só acho que é legal dar uma folguinha pra cabeça né? Deixar o imaginário absorver algo mais light, só pra variar. Confissão feita, vamos ao que interessa.

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Me interessei por esse livro pela capa – as vezes sou dessas -, mas fui atrás da sinopse e de alguma resenha e conclui que sim, valia a pena comprar e a história poderia render algo bacana pra mim. Dito e feito. A fofa do terceiro andar retrata três anos da vida de Ana, uma garota gordinha – remetido ao ‘fofa’ – que está passando por uma grande transição. Recebendo adjetivos grosseiros ligados a sua aparência desde pequena, ela começa a notar que eles nem sempre são sinônimos de que as pessoas estavam sendo legais com ela e isso começa a afetar sua vida de um maneira ruim, profundamente.

O foco do livro é o bullying, mas ele aborda diversos outros assuntos, tudo de modo simples, natural e bem honesto. É o primeiro na categoria juvenil da escritora Cleo Busatto, que já tem algumas publicações infantis, e achei que ela mandou bem no tema, na forma de escrever e nos pontos de reflexão. Tudo ornou!

IMG_3667Entre tantas situações que a protagonista passa por conta de ser peso e sua aparência física, como com chacotas, desprezo dos ‘colegas’ de escola e questões familiares, ela acaba desenvolvendo meios de entender a si própria e começa a se aceitar como é. Se aceitando ela percebe que precisa se cuidar, se preocupar com sua saúde e bem estar e não simplesmente tentar se encaixar em padrões de beleza. A partir daí muda seus hábitos e inclusive, seu comportamento, se tornando mais confiante de si. E é incrível ver a mudança de Ana no decorrer do livro, é confortante e inspirador. Tanto nessa fase de aceitação quando posterior a ela, quando as amizades começam a surgir criando em Ana uma nova visão sobre as pessoas  e novos elos. Além de ser bem fácil de se identificar com alguma fase ou problema que ela passou, refletir sobre tudo e, principalmente, serve muito para praticar a empatia. Muitas das coisas que ela conta ter passado são fortes e tristes pra sua idade, e aí você vai se colocar no lugar dela e pensar em uma ou outra vez que soltou alguma piadinha ou comentário maldoso sobre a aparência ou algum aspecto físico de outra pessoa a fim de diminuí-la ou por que julgava ser engraçado.

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E como o livro é uma espécie de diário, acaba aproximando bastante o leitor da personagem, criando um certo vínculo. Você passa a dividir com Ana as emoções, os medos, as superações. Eu confesso que o livro me fez refletir muito sobre algumas bads que eu ainda tinha nesse sentido de corpo/peso/aparência e me deu uma forcinha no quesito aceitação. Fiquei bem estimulada a pesquisar mais sobre isso, procurar entender melhor a mim mesma e ter uma percepção um pouco mais clara sobre minha força de vontade, e meus conceitos do que é ‘ideal’ pra mim.

E no final, além de ter a certeza de que valeu mesmo a pena comprar o livro, me vi orgulhosinha da Ana. Deu vontade de sentar e conversar, dividir experiências, contar as coisas que já passei e as coisas que também mudaram em mim. Rir do que um dia já foi de chorar, falar sobre qualquer coisa e dar um abraço gostoso. Agradecer por ela dividir seus sentimentos mais profundos, suas vergonhas, e dizer que vou recomendar que muitos marmanjos leiam, porque, apesar de ser uma leitura bem juvenil, esse assunto precisa ser muito refletido por algumas pessoas já bem grandinhas que acham que alguns são melhores que outros com justificativas tão banais que a gente se pergunta de onde vem tamanha superficialidade e até quando essa pressão por padrões vai continuar?

Editora: Galera Record   |   Autor: Cléo Busatto   |   Número de páginas: 142

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9 comentários sobre “Na Estante: A fofa do terceiro andar

  1. Sou a fofa do bullying. HUAUHAUHAUHAH
    Eu era chamada de carocha gorda, por ser moreninha e fofinha quando pequenina. Depois ali pelos 7 anos eu estiquei e fiquei magrela ~ e dentuça. “Mônica”, “dente de coelho podre”, eram só alguns dos apelidos que me chamavam na escola. Ah, tinha o nariz de papagaio também! HUAHAUAHAUH
    Resumindo, nenhum deles me afetou a auto estima. Ainda bem! Me sinto bem do jeitinho que sou. Só usei aparelho mesmo, porque com 14 anos meu pai viu a necessidade disso e eu agradeço ele, porque eram dentes apontando para a frente! Beirava o bizarro! hahahaha
    Já do nariz, eu mesma dou risada, sou bem desapegada. A não ser pelo desvio que me incomoda há anos, mas não vou morrer por conta dele. Cirurgia pra quê!?
    Me interessei deveras pelo livro, gosto de livros com linguagem simples também! É como tu disse, a cabeça às vezes fica uma tela azul hahahhahah
    Um beijo, Bá!

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    • Hahahaha Bia!
      Já passei por isso também, viu? Era dentuça e com dente separado igualzinha a Mônica, e ainda era esquentadinha, ai pronto. Já recebi vários apelidos na escola por causa de aparelho, de óculos grande, ixi… nem lembraria todos pra listar. Eu brigava, xingava, ia pra cima, só piorava a situação. Não consigo não ligar :X fico puta da vida! haha Admiro pessoas como você que nem se abalam.
      E pra quem já passou por isso o livro é mais legal ainda de ler, acho que você vai gostar!!!
      Beeeijo

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    • Eu terminei o livro e a vontade ainda ta aqui e abraçar a Ana! haha isso é muito bacana, né? O livro é tão gostoso de ler que a gente se envolve e ainda aprende, mesmo sendo teen. E afinal, quem não aprende um monte de coisa bacana com essa meninada de hoje, né? Com os livros não seria diferente *-* Torço para que eles absorvam o mesmo tanto que nós mais grandinhos com essas leituras.

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  2. Ooooi 🙂
    Eu não colocaria esse livro na minha lista de leitura simplesmente pelo estilo, por ser mais teen. A essa altura, a lista está imensa e eu preciso me controlar também. Apesar disso, a temática é super, super relevante e é legal que autores a estejam abordando. Leituras como essa podem influenciar uma mudança positiva que a gente tanto precisa 🙂

    Beijos

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    • Lari,
      Sei bem como é ter uma lista imensa, viu!? Também me controlo, mas as vezes não funciona haha Com certeza a influência que leituras como essa podem ter nas pessoas é um passo para uma mudança muito importante que nós precisamos cada vez mais!!!!
      Beijo

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