24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo

Gente, quanto tempo eu não dou as caras por aqui, hein? Mas, estas mãos que bordam também escrevem e ó, apareci! Vim contar pra vocês a nossa experiência na 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. E vou começar com um sincerão: a gente nem tinha cogitado ir, foi tudo na emoção e de última hora.  Mas já adianto que valeu!

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Como a gente foi parar na Bienal de última hora? Bom, a gente tava aqui, vivendo a vida de boa, quando subiu um comentário numa resenha que eu fiz em março, e era o autor do livro, Marcelo Nadur, comentando e nos convidando para conhecer ele e o Rafagato, como ele chama carinhosamente o filho (e eu também vou chamar aqui pra vocês não confundirem os Rafas), lá na Bienal no dia 27/08. Não deu outra, resolvemos na hora ir! Eu já tinha ido em uma Bienal, que minha memória falha não me deixa lembrar qual, mas o Rafa não. Então, chegado o dia, lá fomos nós mergulhar naquele universo inteiro de livros e tentações. Andamos bastante pelos corredores,  seguindo uma certa ordem pra não nos perdermos e deixarmos passar algo, mas olha, que caminhada…

Na metade do percurso resolvemos ir procurar o estande em que o Marcelo tava pra não perder a hora e acabar não o encontrando… E foi super fofo! O Marcelo foi atencioso com a gente e o Rafagato, gente, ta ENORME. Pra quem vê ele nas fotos do livro desacredita. Eu que sou meio perdida com o tempo então, nossa! Ganhamos nosso beijo e abraço, que o Rafagato deu super espontâneo e carinhoso e fiquei super feliz com uma novidade, Marcelo contou que está escrevendo o segundo livro, contando agora das experiências com o filho nesses anos que passaram. Adivinhe quem estou ansiosa, agora? Pois é!

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Encontramos também a Bianca do Digavando.com, que acompanhou a gente até o final do dia! Ela mostrou pra gente algumas coisas que ainda não tínhamos visto, como prateleiras escondidas de livros mais baratos nos estandes,  e o espaço super lindo da Clarice Lispector no espaço da Editora Rocco. Ela também nos acompanhou no ~melhor~ espaço de todos, onde vendia livros a R$10,00 ou 6 por R$50,00. gente, sério… eu sei que nunca disseram nem está escrito em lugar nenhum que na Bienal os livros são mais baratos, mas poderia né? Você anda um monte, cansa, pega fila, pra pagar o mesmo preço que na loja – ou em alguns casos até mais caro. Não faz sentido! Como eu e Rafael estamos em contenção por um motivo muito bom (que cês não sabem AINDA) só aproveitamos essa promoção linda de 6 livros por R$50,00, onde o Rafa deu mega sorte com uns achados incríveis. E eu acabei comprando um livro pra dar de presente também, mas com um precinho mais camarada do que vi em outros lugares.

Como a gente foi no susto, não vimos nenhuma palestra nem nada que havia na programação de sábado, ‘só’ vimos de longe o Ziraldo, super fofinho e deu vontade de ir lá, abraçar, tirar foto. Só que não fomos, só espiamos de longe mesmo. Mas mesmo assim deu pra sentir bem como é a Bienal, que eu já tinha esquecido um pouco, e ver a organização super bacana do evento, conhecer novas editoras, novos livros… e entender que não somos mais jovenzinhos pra andar tanto e não acabar o dia com dor nas pernas :/

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Na Estante: Honra Teu Pai

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Livro + indicações de leitura do pessoal do trabalho do Rafa

Tenho certeza que vocês acharam que minha meta de ler 20 livros nesse ano tinha caído em esquecimento, né? Erraram! Acabei de ler o 13º, o que quer dizer que eu preciso ler uns livros menores para conseguir atingir o objetivo.

Quando entrei na faculdade de Jornalismo, quase todos professores falaram que Gay Talese era um dos maiores jornalistas que a gente poderia ler. Mas como todo bom estudante, não segui as dicas que ouvi e não li nenhum dos grandes nomes que mandaram. Mas a vida nos surpreende. Meu irmão mais velho comprou um livro do Talese e me emprestou, sem ao menos ler. Eis que assim Honra Teu Pai caiu em minhas mãos.

O livro conta a história da máfia, mais especificamente da família Bonanno, que teve seu auge entre 1930 e 1960, controlando loterias clandestinas em bairros pobres. Os bonannos foram uma das cinco grande famílias mafiosas de New York, e eram naturais da própria Sicília, onde de fato nascem as máfias, antes de começarem imigrar parar os Estados Unidos. O patriarca é Joseph Bonanno, nascido em 1905 na cidade de Castellamare, que chega em terras norte-americanas fugindo do fascismo italiano. Bonanno é um líder de nascença, e se não fosse chefe do crime, poderia ser de qualquer outra coisa – mas escolheu o caminho mais sujo. No decorrer da vida, Joe Bananas (como ficou conhecido) teve três filhos: Joseph Jr., Catherine e Salvatore (Bill).

O autor da obra, Gay Talese (foto: David Shankbone)

O autor da obra, Gay Talese (foto: David Shankbone)

Por não confiar em ninguém jovem para suceder seu posto quando se aposentasse, Joe não viu outra opção a escolher alguém não só de sua confiança, mas de seu próprio sangue. Bill, seu filho mais velho, não só foi escolhido, como virou “sócio” da família Bonanno. E é em torno dos dois e suas famílias, problemas, aflições e tristezas, que Gay Talese aprofundou sua pesquisa para esse incrível livro-reportagem. E o que torna ele excepcional é exatamente isso: não tratar com superficialidade nem o mais simples dos detalhes. Vi em uma resenha pela internet a seguinte frase “Ler Gay Talese é aceitar que você nunca será um jornalista como ele”. Não é só chegar lá e escrever sobre algo, é ter um olhar e uma sensibilidade diferente dos “jornalistas comuns”. Não menosprezando quem trabalha com notícias do dia a dia ou coisa do tipo, tem espaço pra todo mundo, mas assim como no cinema, temos os bons diretores, também temos os Kubricks, Tarantinos, etc.

Se você espera muita ação, tiros e intrigas, talvez esse livro não seja o indicado. Ele traz assuntos menos superficiais e que não apareceram nas capas de jornais da época. É um dossiê, de vida e “obra”, não só dos crimes, mas de como nasce, constitui e vivem os mafiosos, dos dias mais tediosos possíveis aos mais agitados, fugindo de estado em estado e escapando da morte.

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Na Estante: Vale Tudo – Tim Maia

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‘Mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo!’. Uma das frase mais ditas por Tim Maia é também uma das mais usadas em sua biografia “Vale Tudo: O som e a Fúria de Tim Maia”, livro que deu origem ao filme. Escrito por Nelson Motta, traz com muitos detalhes a história do síndico do Brasil, desde sua adolescência e a ida aos Estados Unidos, até seu envolvimento com drogas de todos os tipos e seus 142 quilos.
É inegável que Tim foi um dos maiores artistas que o Brasil já teve.

Além das músicas festivas que todos nós conhecemos (Do leme ao pontal/Não quero dinheiro/Descobridor dos Sete Mares) havia também um homem depressivo e de coração mole, que adorava se meter em uma enrascada e por muita sorte, estava rodeado de pessoas que o ajudaram (e o aturavam!). Fã de bossa nova e soul, Sebastião viveu muito mais do que qualquer médico lhe daria de expectativa de vida (vide a forma que levava-a). E viveu como quis. Senti um pouco de dificuldade do autor em ligar alguns trechos do livro, mas que não impediram que eu admirasse mais ainda a obra (do Nelson Motta e do Tim Maia!).

timmaia2Dois de seus melhores discos, se deram da situação mais inimaginável: de sua entrada de cabeça na Cultural Racional, uma religião pouco conhecida que virou o mundo de Tim. Parou de usar drogas, parou de comer carne, obrigava toda banda se vestir de branco…Mas para alegria geral, o período esotérico se encerrou e o velho Tim voltou.

Simpático, você descobre no decorrer das páginas que Tim se tornou amigo de quase todo mundo que teve contato. Digo quase, porque da mesma forma que fazia, desfazia. Talvez muita gente que vai ler essa resenha nem imagina, mas Tim tinha a fama de faltar em shows. Sim! O cara faltava nos próprios shows! E muitas vezes, por simplesmente estar de ressaca. Mal pagador, morreu afogado em dívidas e envolvido em polêmicas, mas com certeza, não perdeu o sorriso no rosto e o vozeirão inconfundível.

Editora: Objetiva | Autor: Nelson Motta | Páginas: 392

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Quando tudo para

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Eu preciso contar uma coisa pra vocês: tenho uma mania irritante de me empolgar demais com as coisas, em todos os sentidos. Não que isso seja ruim, mas é que se empolgar demais faz a gente se perder um pouco e, no meu caso, quando as coisas não dão muito certo, ou não funcionam como eu gostaria, vem AQUELA bad que já  desmotiva até o que não tem nada a ver. Isso aconteceu recentemente, e a bola da vez é a leitura. Eu tava super empolgada, emendando um livro noutro, e as coisas estavam de vento em popa. Até que eu peguei um livro que não deu uma leitura agradável, e outro, e outro e outro, e fui parando de ler aos poucos. Aí adivinha quem azedou com várias outras coisas? Aham, eu.

Já comecei a achar que tava com algum problema, automaticamente veio o bloqueio pra escrever e, pra piorar, a criatividade pra várias outras coisas foi indo embora aos poucos. Minha cabeça ficou pilhada, veio angustia, chateação (muita) e tudo só tende a piorar a partir daí. Eu me afundo, me sinto a pior pessoa, penso que não sirvo pra nada, que não consigo fazer nada. Olha só o dramalhão por causa de uma leitura que não tá saindo, gente. UÓ! Mas, aos poucos essa fase foi passando e tudo voltou relativamente ao normal. Isso porque, atipicamente, a única coisa que não voltou foi justamente a bendita vontade de ler. Fico me perguntando cadê aquela coisa louca de devorar o livro e chegar logo no fim da história, se envolver com o personagem.

Isso aconteceu desde que terminei Por lugares incrível, e fico me perguntando se essa leitura me abalou tanto assim a ponto de me travar – se você não entendeu nada, espia minha resenha aqui. Porque não é possível, gente! Eu não sei mais o que eu faço. Tem dois livros em casa que eu queria ler muito faz um tempão, e nada… não fluiu, não rolou. Apesar disso já ter acontecido outras vezes, agora tá durando muito e eu realmente não sei ‘o que ta con tecendo’ comigo! Só realmente espero que essa coisa chata passe logo. E eu vou continuar tentando ler os livros que quero ler até um dia engatar e a coisa fluir de novo. Mas me digam, isso já aconteceu com vocês? Já rolou um bloqueio chato pra alguma coisa? Que cêis fizeram? Me dá uma luz aí, faz favor!

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Na Estante: O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares

Em uma das tantas vezes que passava na Saraiva só para ver se tinha algum livro diferente, eu me deparei com esse, que era bem diferente do que eu imaginava, a começar pela capa. Rolou um medinho, porque eu sou dessas, mas a arte gráfica dele me deixou muito curiosa. Super bem trabalhado no estilo ‘livro antigo’, com capa sépia, aspecto desgastado e imagens bem bizarras dentro, o livro ficou na minha cabeça por semanas. Sim, eu não comprei na hora por receio de ser macabro demais e eu não conseguir ler, mas fui pesquisando resenhas e informações sobre ele e decidi tentar. Alguns meses depois ganhei ele de amigo secreto e pronto, foi chegada a hora de mergulhar em um universo completamente paralelo.

O livro é o primeiro romance (!) de Ransom Riggs – que é meio multitarefas e também atua como cineasta, blogueiro e repórter – e foi super bem aceito pelo público e pela crítica. O mais legal é que a ideia inicial era apenas fazer um livro com fotos antigas bizarras que contassem uma história visual em sua sequência, mas ele resolveu criar uma narrativa e as fotos serviram para ilustrá-la e tcharãn, nasceu o romance pitoresco. Ô reviravolta feliz, Ransom, brigada querido!  As imagens do livro remetem, do começo ao fim, o sobrenatural, o assombrado, um terrorzinho. E a história, que vai sendo ilustrada por elas, segue a mesma linha, exceto pelo terror, que não tem, não (ufa!). Elas são todas em preto e branco – e, segundo o autor, são todas reais, emprestadas de colecionadores de fotos antigas #medo – e estrategicamente postas para gerar um certo desconforto e um suspense do que vai vir adiante. Os capítulos se iniciam com arabescos bem característicos (super fofos, but), e isso ao mesmo tempo que dá uma leveza, deixa ainda mais macabro. É difícil entender. Mas a impressão é de que todos os detalhes foram muito bem pensados pra realmente gerar sensações no leitor, quase sempre de desconforto e medo.

img_5866A história começa apresentando Jacob, um garoto de 11 anos, que se relaciona melhor com o seu avô, Abe, do que com os pais. Abe, um refugiado de guerra e órfão, que viveu toda a infância e adolescência em um orfanato um tanto diferente, com crianças um tanto peculiares, sempre contava histórias fantásticas . Mas Jacob nunca acreditou nas histórias bizarras que ouvia, até acontecer algo trágico que deu uma bela agitada na sua vida e o fez ir até a ilha em que seu avô viveu em busca de sinais desse passado estranho. E é aí que começa o mix de realidade e fantasia, quando Jacob descobre que todas as histórias que ouviu eram reais, e as crianças peculiares mais ainda.  Até tudo isso acontecer o livro fica bem parado, mas um pouquinho antes da metade as coisas começam a acontecer e finalmente não dá vontade de parar!

Eu gostei bastante do livro e confesso que já li duas vezes! Fiquei super animada quando soube que teria a adaptação para o cinema. Porém, quando vi o trailer, rolou uma decepção. Achei muito ‘bonitinho’, a fotografia é muito boa, mas não era o que eu esperava. Minha expectativa era um filme obscuro, meio de terror, suspense, com ar meio macabro. Mas, ainda assim, eu quero ver, já que pelo menos a escolha dos atores me deixou feliz, acho que combinou bem com a característica dos personagens! A previsão de estreia é para setembro desse ano, ou seja, dá tempo e sobra pra ler o livro antes 😉

Editora: Leya | Autores:  Ransom Riggs | Número de páginas: 336

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Na Estante: Ecos da Ocas”

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Em uma aula de Jornalismo Social e Comunitário a professora contou um pouco sobre o projeto da Ocas”, uma revista que não visa lucro, mas sim auxiliar as pessoas em situação de rua. Como? Eles repassam a revista a preço de custo – dois reais atualmente – para o vendedor, o próprio beneficiado, que a vende pelo preço da capa, 5 reais. Ou seja, na hora da venda, ele já sai com o lucro de três reais por revista. Pode parecer muito pouco, mas para quem está em situação de risco social, é um grande passo para uma mudança em sua vida. E é sobre a trajetória dessa revista que fala o livro Ecos da Ocas”, lançado em 2013, em comemoração aos 10 anos da publicação.

A revista foi inspirada na inglesa The Big Issue, lançada em 1991, que funciona nos mesmos moldes da versão brasileira. Fundada em 2002, a Ocas” nasceu da vontade de diversos jornalistas voluntários em dar uma chance para essas pessoas que estão à margem da sociedade. Ela sobrevive de três formas: doações, publicidade e editais públicos. O conteúdo das revistas é focado na área cultural, e traz sempre uma personalidade na capa, que tenha opinião próxima da linha editorial da publicação, ou seja, ligada aos direitos humanos. Diversos nomes já foram entrevistados, tais como: Chico Buarque, Wagner Moura, Seu Jorge, Drauzio Varella e Criolo. Inclusive, no próprio livro tem trechos dessas entrevistas.

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Além disso, também é contada a parte histórica. Como? Quando? Por quê? Onde? Quem? são perguntas respondidas logo na primeira parte do livro. Outro ponto que merece destaque, é o que faz a revista ter a importância que tem: seus vendedores. Pessoas que passaram pelas mais variadas adversidades e encontraram na Ocas” uma oportunidade de se reerguer socialmente. O livro contém um pouco da história de alguns dos mais de 2 mil vendedores que eram cadastrados, até 2012, e que buscavam mudar sua situação. Uma bem conhecida, que você já deve ter ouvido falar, é Tula Pilar Ferreira. Mãe de três filhos e desempregada, conheceu a Ocas” através de um vendedor. Ele contou como funcionava e a convidou a conhecer o projeto. Tula disse que não era moradora de rua, e o vendedor respondeu: “Não é agora, mas logo vai ser!”. Tula, que já havia sido empregada doméstica, se tornou vendedora da revista. Hoje, ela é conhecida por ser poetisa, figurinha marcada dos saraus de São Paulo.

Editora: Bizu | Autores:  Vários Autores| Número de páginas: 296
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Na Estante: Síndrome de Down – Relato de um pai apaixonado

 Ontem, 21 de março, foi o Dia Internacional da Síndrome de Down, e pra comemorar acho que nada mais justo que compartilhar com vocês essa leitura tão delicada e cheia de amor que eu tive a oportunidade de conhecer. Bom, o meu primeiro contato com pessoas com síndrome de Down se deu através de uma tia, que cursava serviço social, e hoje é formada, que na faculdade fez alguns trabalhos e estágios com crianças em diversos tipos de situações, crianças abandonadas, em situação risco, com deficiências ou doenças sem cura, e crianças com dificuldade de interação social por diversos motivos. Caso é que muitos casos me marcaram bastante, porém a síndrome de Down me despertou maior curiosidade e por isso passei a me interessar por histórias e relatos e comecei a ir atrás e pesquisar sobre. Um dia totalmente por acaso, em uma das minhas várias visitas a livraria me deparei com esse livro do Marcelo Nadur, um pai completamente apaixonado pelo, até então pequeno, Rafael, que tem síndrome de Down.

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O livro passa bem longe de ter linguagem técnica, científica ou qualquer coisa do gênero. Se eu tivesse que resumir essas 120 páginas em uma palavra com toda certeza do mundo seria AMOR! A começar pela introdução que se inicia com uma carga tão grande de sentimentos que você, ali, já tem plena certeza de que precisará de um lencinho e de profundas respirações para acalmar o coração e conter as lágrimas. Assim como eu estou fazendo agora, relembrando cada página. O relato do Marcelo começa com o desejo de ter um filho e a sensação de que ele seria diferente, mesmo sem saber o que isso significaria. Seguido pela descoberta da gravidez e de que o bebê poderia ter SD. Com uma fé imensamente evidente e bonita, esse pai começa aí a descobrir um amor incondicional que vai fazer com que a família supere todas as situações que precisará superar, sempre vendo tudo pelo lado mais positivo possível, o lado da oportunidade de aprender, de ensinar e de viver momentos completamente especiais e únicos.

A cada página que eu avançava me sentia mais cativada pelo pequeno Rafael e sua família. Cada página traz um pouquinho de esperança, de crença no amor, na família. É uma admiração que não dá pra descrever em palavras! O que fica muito claro, aliás lindamente claro, é que o Rafael veio pra fortalecer e unir ainda mais a família e ensinar que o amor pode sim transformar tudo, superar tudo e fortalecer ainda mais os laços. Os dois últimos capítulos do livro são incríveis. Um traz depoimentos dos familiares relatando o que sentiram com o descobrimento da síndrome de Down do bebê e como é a relação deles com o pequeno. E o ultimo é recheado de fotos deliciosas do cotidiano do Rafa com a família. É tipo a cereja do bolo, como dizem. Vem pra secar as lágrimas da emoção das páginas anteriores com um sorriso bem grande de alegria.

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‘A cada dia que passo com esse garoto vejo que a vida é linda, minha família é meu castelo, meus amigos são meus companheiros de batalha, sempre parceiros. A preocupação agora é com a vida. Com alegria seguimos adiante. Quando olhamos para trás, é para valorizar tudo o que temos e o que somos.’  Marcelo Nadur.

Editora: Gaia | Autor: Marcelo Nadur | Número de páginas: 120

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Na Estante: Dignidade!

Quando a Bárbara me deu esse livro, só de olhar a capa eu já me arrepiei inteiro. Uniu dois assuntos que eu me interesso muito: jornalismo e direitos humanos. Nove escritores são convidados para escrever um livro. Você já imagina que vem coisa boa por aí, né? Só que tem um adendo: eles terão que vivenciar e relatar a vida em regiões de extrema pobreza onde a organização Médico Sem Fronteiras desenvolve trabalho voluntário focado em recuperar um mínimo de saúde da população local.

Família boliviana que é tratada pela Médico Sem Fronteiras. (foto: Vânia Alves/ MSF)

Família boliviana que é tratada pela Médico Sem Fronteiras. (foto: Vânia Alves/ MSF)

Os autores são fiéis a proposta e conseguem transmitir toda dor e incapacidade que cada personagem tem defronte a situação. Eliane Brum, jornalista brasileira, visitou a Bolívia e retratou a história de famílias que são dizimadas pela doença de chagas. Ela é fatal. Mais de 14 mil pessoas morrem por ano vítimas da doença. O inseto transmissor dela é conhecido popularmente como barbeiro aqui no Brasil. Já na Bolívia, é conhecido como vinchuca. O que mais me assustou nesse livro é o quanto a gente não faz ideia do que acontece no mundo, mesmo tendo a disposição. A Bolívia é do lado do nosso país e eu não sabia o quanto a doença de chagas, que é quase inofensiva pra gente que mora em São Paulo, consegue destruir gerações e gerações dos nossos vizinhos. O trabalho da Médico Sem Fronteiras no país é diagnosticar, medicar, e em alguns casos, colocar marcapasso. Sim, a doença de chagas afeta o coração.

dignidadeOutro texto que me marcou muito é o de James A. Levine, médico americano que conta a história de Paulette, uma jovem congolesa que se apaixona por um soldado e acaba se tornando soropositiva num país repleto de preconceito com os portadores do vírus HIV. Apesar de parecer uma história de ficção, pelo desenrolar dos fatos, há um aviso ao final do texto: “Todos os eventos e pessoas descritos neste conto são reais.” A angustia tomou conta de mim, seguido da impotência diante de tanto sofrimento.

Ao termino do livro, você com certeza vai pensar duas coisas. A primeira é que você precisa fazer algo para mudar o mundo, seja ele no seu próprio bairro ou do outro lado do mundo. A segunda, é que ‘Dignidade!’ é muito mais que um título. É um apelo para que todos possam viver em condições dignas e com mais respeito.

Editora: LeYa Brasil | Autor: Vários autores | Número de páginas: 268

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Na Estante: Por lugares incríveis

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Comprei Por lugares incríveis no começo/meio de 2015, ansiosa e já curiosíssima pra ler. A capa do livro é super fofa, chamativa (como quase sempre) e a sinopse me instigou bastante. Mas, por algum raio de motivo, ele não foi a leitura imediata que escolhi, pelo contrário, também não foi a próxima, nem as próximas. Resumindo, li ele um ano depois, só agora no começo de 2016, e sabe que eu acho que não foi por acaso? Eu AMEI começar o ano com ele, isso me deu o maior gás pra pegar firme na leitura nesse ano.

A história é uma narrativa contada em primeira pessoa, que se divide entre os personagens principais, Violet e Finch, e deixa a leitura bem mais gostosa, isso porque aproxima ainda mais o leitor e tem uma dinâmica ótima. Assim que você lê o relato de um, quer correr loucamente e ler logo o do outro. É viciante e prende muito. Os dois fazem parte de universos diferentes, apesar de estudar na mesma escola e morar na mesma cidade, e talvez jamais se aproximariam se não fosse pelo mesmo momento em comum: estar na torre do sino do colégio, pensando seriamente na possibilidade de pular lá de cima. Sim, isso mesmo. O tema que desenrola o livro é depressão/suicídio e suas causas e efeitos, específicas pra cada personagem, e isso já pode ser percebido nas primeiras páginas. O que pra mim tirou completamente a impressão de só mais um livro juvenil.

IMG_4802O assunto é sério e a história densa, mas ao mesmo tempo a leitura é fluida e leve. Senti como se tivesse dois amigos de círculos diferentes se conhecendo e me contando as percepções, dúvidas e sentimentos que têm um pelo outro e pela vida. E, apesar de vários momentos de humor, o livro pende bastante pra um draminha, e falta bem pouco para cair no clichê das histórias de superação, mas é salvo pela profundidade na tratativa do assunto principal e pelo desfecho inesperado. O que vi foram dois jovens com problemas pessoais reais e cotidianos, tão possíveis que podem acontecer comigo, com você e com seus amigos facilmente (infelizmente), mas que estavam no momento, na hora, no lugar certo e com a pessoa ‘certa’  para mudar tudo.

E no meio da montanha russa de emoções que Por lugares incríveis me proporcionou, eu percebi que ele mostra de diversas formas o quanto é importante buscar saídas, buscar soluções e ter esperança de que as coisas podem melhorar apesar de tudo, e que ter alguém que te apoie, te desafie, te instigue a superar e enfrentar seus fantasmas, te aceitando como você é, tendo paciência com seus medos e suas angústias e te dando a mão firmemente, torna esse caminho muito mais leve. Eu sorri, eu chorei, eu me apaixonei (sempre acontece) e eu sofri MUITO com o final. Me desesperei quando notei o desfecho que a história ia tomar, e ao terminar de ler passei longos 40 minutos chorando de soluçar (!), e confesso que ainda não superei o que houve! Mas ainda assim, recomendo demais, porque olha, eu vou carregar a história de Theodore Finch e Ultravioleta Markante comigo por um bom tempo, e me desesperar quando ouvir alguém falar de buracos negros nos rios, lago e oceanos. Você também se desesperaria, acredite!

Editora: Seguinte |   Autor: Jennifer Niven  |   Número de páginas: 335

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Na Estante: O Vendedor de Armas

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Vocês devem lembrar que no começo do ano comentei que minha meta são 20 livros em 2016? E além disso, ler mais livros de ficção. E olha…Comecei bem!

O primeiro livro do ano é O Vendedor de Armas, do Hugh Laurie. E vocês sabem quem é ele, certo? O House, do popular seriado de TV, que além de ator e escritor, é músico. E pra nossa felicidade, ele faz muito bem as três coisas!

O autor conta a história de Thomas Lang, um ex-militar inglês que é convidado a matar um empresário norte-americano. Íntegro que é, recusa o convite, e vai até a casa da vítima avisá-la sobre o que pode vir a acontecer. Só que aí a história começa a se desdobrar e envolve autoridades, governos, máfias e até terroristas. Lang tem um senso de humor parecido com o do personagem que marcou Hugh Laurie na televisão.

Retrata o mercado de armas, onde as grandes industrias fazem de tudo para vender.
Inclusive aqui no Brasil, quando aconteceu o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, em 2005, as maiores financiadoras de campanha contra a proibição foram a Taurus (fabricante de armas) e a CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos). Juntas, doaram mais de 5 milhões de reais para a campanha. O vendedor de armas é real. O autor retrata muito bem esse jogo de interesses e mostra que se a demanda não existe, é ‘só’ criá-la.

É um livro que me prendeu, não queria parar de ler para saber o que acontecia na próxima página. Achei o texto bem cronológico – o que me agrada muito -, e apesar de as vezes parecer que perdi alguma informação durante a leitura, foi bem construído. Uma mistura de crítica social com suspense, e uma boa pitada de ação, que me fez adorar esse livro de ficção, um dos poucos do gênero que eu li em toda a vida.

Editora: Planeta do Brasil | Autor: Hugh Laurie | Número de páginas: 288^0DD2F7A012009E1254632484B6ACB46D2D74B63E9082860262^pimgpsh_fullsize_distr